terça-feira, 28 de julho de 2009

O Estranho Casal

Após alguma inatividade causada pelas férias e programas mais interessantes que escrever num blog, volto à ativa. Farei um post duplo de minhas últimas experiências: O Estranho Casal e Clandestinos (coming next).

O Estranho Casal está em cartaz até dia 16 de agosto na sala Fernanda Montenegro, no Teatro Leblon. A sala comporta as peças de maior peso do Teatro (ainda que eu não entenda muito bem o porquê, pois as cadeiras são muito apertadas, desconfortáveis. E se você tiver mais de 1,70m dificilmente vai sequer conseguir cruzar as pernas). Lá foi palco de Beatles num Céu de Diamantes, o que acredito ter sido o maior musical já encenado nos últimos tempos (mais ainda que a Noviça Rebelde).

O Estranho Casal se utiliza de um texto famoso, do Neil Simon, tradução e adaptação do Gilberto Braga e o chamariz é o ator Carmo Dalla Vecchia, o protagonista de "A Favorita" (pra quem não lembra, ele fez o Zé Bob. E pra quem ainda não lembra, embaixo está a foto). Minha primeira torcida de nariz em relação ao espetáculo foi exatamente isso. A tendência de ser um novelão era gritante, e não me agradava a idéia de ter pago 40 reais - MEIA (a inteira é 80, às sextas) para ver isso.



O cenário foi um dos mais arrumadinhos e detalhados que já vi (ponto pra mim, remete à novela), a música de fundo lembra um pouco programa familiar da Sony (outro ponto pra mim), mas a surpresa ao longo da peça - proposital ou não - é o fato do Dalla Vecchia se transformar em coadjuvante e dar espaço ao Edson Fieschi assumir o front.

Eu explico: a história gira em torno de um divorciado (o Dalla Vecchia), que se reúne semanalmente com amigos para jogar pôquer. E eis que um belo dia um desses amigos (o Edson Fieschi) se separa e vai morar com ele. E aí começam as discussões, as discordâncias, as implicâncias. Óbvio que a insinuação a um casal gay é constante (daí o nome, duh), e é a partir disso que surgem as cenas engraçadas.

E realmente elas são muitas. O texto é bastante cuidadoso para não chocar a platéia (que é predominantemente de terceira idade), e as piadas funcionam, engrenam com facilidade e sem apelos. E como no total são 8 atores no espetáculo, há humor para todos os gostos.

De um todo, minha única crítica é em relação ao final da peça. Senti falta de uma definição melhor. Talvez um final mais feliz pra compensar o preço altíssimo que paguei (não é spoiler, juro!) Se fosse para enquadrá-la em uma categoria, eu a colocaria em "programa de família". Só prepare-se para sair tarde (se você não for adepto da vida noturna), a peça termina quase meia noite.

Qualquer coisa, www.teatrodoleblon.com.br ou ingresso.com

quinta-feira, 16 de julho de 2009

In On It


Meu post de hoje é sobre a peça mais comentada e procurada do momento.

In On It está em cartaz até dia 26 de julho no Oi Futuro e em agosto e setembro segue para o Planetário da Gávea. A peça inicialmente iria até dia 28 de junho, mas mediante a enorme procura e sucesso, foi prorrogada por 3 semanas. E a venda se seguiu da seguinte forma: toda terça-feira, a partir das 11 da manhã, a bilheteria disponibilizaria os ingressos pro final de semana seguinte.

Desde maio eu vinha lendo sobre essa peça.. a Veja deu 4 estrelas, o Globo recomendava, o RioShow fez uma matéria só pra ela. Mas admito que foi a indicação de um professor meu, cujo bom gosto é inegável, que me impeliu a seguir adiante e comprar os ingressos.

A peripécia teve início numa terça-feira ensolarada. Às 10 e 15 eu me fazia presente na porta do Oi Futuro, na Rua 2 de Dezembro. Havia, na minha frente, 5 pessoas. Alguns minutos depois, havia mais de 20 pessoas atrás de mim (...) Sim, caro leitor, havia FILA! A última vez que eu me recordo de ter enfrentado uma fila para algo tão cobiçado foi na campanha dos Bichinhos da Parmalat (http://images.quebarato.com.br/photos/big/F/2/741F2_2.jpg - a qual orgulhosamente completei com êxito, graças ao empenho familiar em consumir os produtos da marca e à dedicação materna em ficar nas filas e desembolsar 8 reais, além dos 20 códigos de barra, por um bichinho).
Abstraindo o fato de eu estar em pé em uma fila, me sentindo altamente entediada e jogando Sudoku no meu celular - causador mor do tédio - achei fascinante o fato de haver filas para algo envolvendo cultura. Talvez tenha sido o preço do ingresso (R$15 a inteira), talvez tenha sido a alta expectativa que todos colocavam.

Eis aqui meu erro: o excesso de expectativa que transferi à peça. Não que ela seja ruim, ela não é, mas cheguei no dia comprado tão excitada, tão ansiosa, esperando algo tão grandioso... que o resultado final me decepcionou um pouco.

A montagem é feita com apenas 2 atores, 2 cadeiras e 1 casaco. O tema central fala de "fins". Relacionamentos que terminam, vidas que terminam, sonhos que terminam. Os atores, Fernando Eiras e Emilio de Mello, exercem seus papéis com maestria, mas eu senti falta de um pouco mais de emoção no contexto geral. Ao ser recomendada esta peça, me disseram que eu despejaria muitas lágrimas, ficaria comovida, me familiarizaria com muitos momentos.


Mas nada disso aconteceu. A única peça que chorei até hoje foi em "A Soma de Nós Dois", que em algum momento vou escrever sobre.

Mas pelo sim, pelo não, In On It é agradável, é diferente, entretém. E os efeitos especiais causam um pequeno sorriso no rosto de satisfação.
E como eu sou adepta de frases marcantes, eis uma do espetáculo: "Algumas coisas terminam, outras simplesmente param".
Informações no blog amigo inonit.wordpress.com

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Parem de falar mal da rotina

Seguindo a ordem regressiva, vou tecer meus comentários sobre "Parem de falar mal da rotina". Essa é uma peça que já rodou o Brasil inteiro, e fechando a temporada carioca (dia 2 de agosto próximo) vai voltar a rodar.

Pra ser sincera, o título, o teatro (público), tudo envolvendo essa montagem não me atraiu de início, ainda que eu valorize muito todos os monólogos existentes. Teatro no centro do Rio à noite... hmmm, hmmm... enfrentei meus medos e segui em frente, sem jóias e penduricalhos, mediante recomendação materna.


Admito que me surpreendi de uma forma geral. O teatro é arrumadinho e acomoda (razoavelmente) bem 400 pessoas. Comprei os ingressos com antecedência de 3 semanas (e só consegui fila I), novamente para uma sexta-feira (infelizmente nenhuma rádio quis me agraciar com esse prêmio dessa vez), o dia mais barato.


O início da peça me deixou com algumas interrogações na cabeça (SPOILER: ela realmente precisa começar sem roupa??) e as primeiras falas da Elisa Lucinda pareciam mais como uma mistura de Zorra Total com Comédia em Pé. Mas era muito cedo para julgamentos precipitados. O texto, por fim, se encontra com a atriz.

Claro que há piadas lugar comum (como aquelas envolvendo a "ditadura" da chapinha e do celular) que inevitavelmente cedem lugar a gargalhadas não muito espontâneas (sabe aquele momento que tudo parece engraçado e então qualquer coisa que façam também parece engraçado? E você ri por.. inércia?) Mas há também tiradas sensacionais, poesias fantásticas bem colocadas, piadas com a platéia (o que de certa forma é um perigo, porque nunca se sabe o estado de espírito que a pessoa envolvida na brincadeira está - e isso foi exatamente o que aconteceu no dia que fui - vergonha alheia absoluta) e histórias com as quais você facilmente se identifica.

Meu único porém em relação a esta peça, que inclusive já explanei a vários interlocutores que me emprestaram seus ouvidos, é o texto ser muito condensado, denso (facilmente poderia ser dividido em dois espetáculos). Cheguei eufórica em casa querendo compartilhar bons momentos da peça com a minha mãe.. mas fui acometida pela amnésia teatral. Procurei lá no fundo e não me lembrava de nada. Como assim? Eu havia rido por horas e havia subitamente me esquecido de todas as piadas.

Demorei dias pra resgatar algumas memórias, mas aí então, não tinha mais graça contar...

Só não digo que é a melhor peça do ano porque Gloriosa pra mim foi imbatível.
E Avenida Q se encontra em empate técnico.

Para mais informações: www.ticketronic.com.br (ou no google, né?)

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Zoológico de Vidro


Começo meus posts a partir da última peça que assisti (e está mais fresquinha na cabeça).

O Zoológico de Vidro está em cartaz no Teatro Maison de France, Centro do Rio. Fui premiada pela Paradiso FM para assistir essa peça domingo, dia 12 de julho, às 19 horas. A começar, o teatro é um dos mais bonitos que já vi. Boa acústica, cadeiras confortáveis, daqueles que você vê bem aonde quer que esteja sentado (inclusive na fileira A você não se sente tão desconfortável quanto nos teatros da Gávea).

A peça, em tom predominantemente dramático, é uma obra do Tennessee Williams, se passa em uma cidade pequena dos Estados Unidos e tem como pano de fundo a Crise de 29. O foco se dá sobre uma família que expõe o tempo todo suas frustrações pessoais. A mãe, com frieza e amargura bem encenadas pela Cássia Kiss, busca incessantemente em um possível casamento de sua filha, um futuro seguro economicamente para si.

Esta, por sua vez, apresenta notadamente um sentimento de inferioridade e uma fixação um tanto perturbadora por vidro (daí o nome da peça - a menina possui como hobby uma estante com bichinhos desse material). O irmão, responsável pelas despesas da casa, transfere suas angústias (sobretudo em relação a mãe) a saídas noturnas ao cinema e a esquisitos carinhos também perturbadores à sua irmã.

Resumindo, a peça cumpre seu papel pelo drama com momentos cômicos e reflete um pouco da realidade familiar de cada um. Mas (sempre tem um mas - ah é, aos que não me conhecem, eu sempre tenho algo a criticar) acredito que peca por não suscitar nenhuma discussão acerca do tema.
Saí do teatro certa da ambiguidade proposital dos atores envolvendo o relacionamento incestuoso entre os irmãos Wingfield, mas ao chegar em casa e ler mais sobre a obra de Tennessee Williams, acabei por perceber que essa alusão foi meramente ocasional, adaptada pelos atores.

No mais, a música (ainda que um pouco exagerada) dá um tom especial à peça e o cenário, ainda que simples, é bastante funcional.

Sugestão aos presentes: a peça custa R$30 nas sextas (e esse preço pula pra R$60 nos sábados e domingos) e fica em cartaz até dia 26 de julho, a priori.

Mais informações (chique escrever isso): http://teatromaisondefrance.com.br/novidades/index.shtml

Sobre mim

Bem, antes de qualquer coisa vou fazer uma breve apresentação da minha pessoa: tenho 22 anos, estudo relações internacionais e minha principal característica é ter muita sorte.
Mantenho minha frequência (maldito novo acordo ortográfico) de cinemas, shows e teatros basicamente a partir das promoções que ganho.
Mediante esses esclarecimentos, vamos adiante.

Iniciando os trabalhos

Olá,

Caros visitantes, estou começando mais um blog em meio a tantos já existentes. Minha proposta é simples: quero expor aqui minhas impressões sobre as peças de teatro e filmes em cartaz no Rio de Janeiro.

Sou uma adepta da vida noturna cultural e espero trocar opiniões sobre os eventos que acontecem na cidade. Claro que aqui e acolá vão surgir alguns assuntos fora do foco, mas acho que esse o destino inevitável de todo blog :)

Enfim, ao trabalho!